Introdução
Se, por acaso, você já percebeu que o ChatGPT tende a entregar respostas mais nítidas quando a pergunta foi formulada com polidez, essa observação não é mera sensação: pesquisas e investigações recentes apontam que a forma como usuários interagem com modelos de linguagem pode alterar o conteúdo e a utilidade das respostas (TALK ANDROID, 2025). A partir da reportagem original do TalkAndroid, este artigo apresenta uma análise aprofundada sobre como a gentileza — entendida como formulação cortês, contexto relevante e estrutura de prompt adequada — pode influenciar a qualidade da geração de texto pela IA. O objetivo é fornecer a profissionais e especialistas uma visão crítica, baseada em evidências, das implicações práticas e éticas dessa relação entre comportamento do usuário e desempenho do modelo.
Contexto e síntese da reportagem
A matéria publicada pelo TalkAndroid observou que “If you’ve ever noticed ChatGPT giving sharper answers after you’ve asked a question politely, you’re not imagining it” (TALK ANDROID, 2025). Em tradução e análise, a reportagem identifica tendências em que usuários relatam respostas mais precisas, mais completas ou mais úteis quando empregam tom cortês, instruções claras e contexto adicional em seus prompts. Essa constatação estimula investigação sobre dois vetores principais: (1) variabilidade operacional dos modelos de linguagem em função do input do usuário; e (2) impacto cognitivo e comportamental do próprio usuário ao refinar perguntas.
Evidências e pesquisas relativas ao efeito da gentileza no desempenho de IAs conversacionais
A literatura emergente sobre interação humano-IA demonstra que a qualidade do prompt é um dos fatores determinantes no desempenho de modelos como o ChatGPT. Estudos acadêmicos e relatórios técnicos mostram que prompts que fornecem contexto, delimitam escopo e definem formato de resposta tendem a produzir saídas mais relevantes e acionáveis. Além disso, relatos empíricos — relatados na cobertura do TalkAndroid — sugerem que elementos pragmáticos do discurso, como polidez e tom, podem modular a forma de resposta do sistema (TALK ANDROID, 2025).
Do ponto de vista metodológico, a avaliação dessa hipótese envolve:
– Experimentos controlados com variação do tom (cortês versus neutro versus imperativo) mantendo constante o conteúdo semântico do pedido.
– Medição objetiva de métricas como coerência, completude, precisão factual e utilidade percebida por avaliadores humanos.
– Análise de logs de interação para identificar padrões emergentes na geração de respostas.
Diversos estudos correlacionam prompts bem estruturados com aumento de qualidade, enquanto o papel específico da “gentileza” (como elemento pragmático separado da clareza e do detalhamento) ainda é área de investigação ativa. A reportagem do TalkAndroid resume essa linha de investigação ao mostrar observações práticas e apontar pesquisas em desenvolvimento (TALK ANDROID, 2025).
Mecanismos plausíveis: por que a gentileza pode impactar as respostas do ChatGPT
Há várias hipóteses técnicas e comportamentais que explicam por que a cortesia e a forma do prompt podem afetar a resposta:
1. Clareza e estrutura implícita: Mensagens corteses frequentemente incluem frases completas, contexto e frases de transição. Essa maior estrutura linguística auxilia o modelo a identificar intenção, formato e restrições, resultando em saída mais precisa.
2. Indução de estilo: Modelos de linguagem reproduzem padrões de estilo e registro. Se o input adota tom formal e cortês, a geração pode alinhar-se a esse registro, produzindo respostas mais organizadas e cuidadas.
3. Heurísticas de otimização interna: Durante o treinamento, modelos foram expostos a grandes volumes de texto onde solicitações bem formuladas se correlacionam com respostas de maior qualidade. Assim, o modelo pode inferir que uma entrada mais polida tende a requerer uma resposta mais elaborada.
4. Redução de ambiguidades: Perguntas formuladas com educação muitas vezes incluem detalhes contextuais que eliminam ambiguidades, reduzindo necessidade de inferências arriscadas pelo modelo.
Estas explicações não são mutuamente exclusivas; elas se combinam para criar um cenário em que a “gentileza” atua como proxy para prompts mais completos e melhor estruturados.
Implicações práticas para profissionais: pesquisa, atendimento e criação de conteúdo
Profissionais que usam ChatGPT em contextos críticos — pesquisa científica, suporte ao cliente, jornalismo, ou produção técnica — devem considerar que pequenas mudanças na formulação dos prompts podem ter impactos significativos na produtividade e qualidade.
– Pesquisa e análise: Ao solicitar resumos, revisão de literatura ou hipóteses, formulários que incluem solicitações educadas e detalhadas (por exemplo: “Por favor, resuma em 5 pontos principais; cite fontes e indique limitações”) tendem a gerar respostas mais estruturadas e úteis. Isso acelera a triagem de informações e reduz retrabalho.
– Atendimento ao cliente: Agentes que treinam sistemas ou que interagem com ferramentas de apoio devem preferir prompts que combinam cortesia e instruções explícitas para obter respostas que soem profissionais, reduzindo a necessidade de edição posterior.
– Produção de conteúdo: Redatores e editores podem usar a prática da gentileza estratégica para obter versões iniciais com tom editorial apropriado, economizando tempo na revisão de estilo.
Em síntese, a adoção de práticas deliberadas de formulação de prompts — incluindo elementos de polidez — pode ser incorporada a fluxos de trabalho para melhorar eficiência e qualidade.
Como formular prompts gentis, claros e eficazes
A seguir, recomendações práticas para profissionais que desejam otimizar interações com o ChatGPT, conciliando gentileza e precisão:
– Comece com contexto: indique objetivo, público-alvo e formato desejado. Exemplo: “Por favor, apresente um resumo executivo de 150 palavras, voltado a gestores, destacando riscos e oportunidades.”
– Use linguagem polida e direta: frases como “Por favor” e “Obrigado” não substituem instruções técnicas, mas tornam o prompt mais natural e frequentemente mais completo.
– Defina critérios de qualidade: especifique extensão, tom, estrutura e fontes. Exemplo: “Explique em linguagem técnica; inclua referências até 2023; identifique incertezas.”
– Solicite verificação e fontes: peça explicitamente que o modelo indique quando não tem informação confiável e que cite referências ou sugira caminhos para verificação.
– Itere e refine: peça alternativas, versões resumidas e sugestões de melhoria. Utilize prompts de acompanhamento para ajustar precisão.
Essas práticas combinam elementos de gentileza com clareza técnica, maximizando a probabilidade de respostas úteis.
Considerações éticas e limitações
A constatação de que a forma do prompt influencia a qualidade das respostas levanta questões éticas e operacionais:
– Viés e justiça: se usuários que formulam prompts de forma mais articulada ou polida recebem respostas melhores, isso pode criar barreiras para indivíduos com menor familiaridade com a redação de prompts, ampliando desigualdades no acesso a informação de qualidade.
– Transparência: empresas e profissionais que dependem de respostas geradas por IA devem documentar como os prompts foram formulados e avaliar a robustez das saídas, especialmente em decisões críticas.
– Confiança e responsabilidade: a percepção de que “gentileza” melhora resultado não elimina a obrigação de verificar fatos e auditar respostas geradas por IA. Modelos podem produzir informações incorretas, independentemente da polidez do usuário.
– Pesquisa replicável: é necessário mais trabalho científico para quantificar efeitos com rigor, controlando variáveis como complexidade do tópico, idioma e versão do modelo.
Profissionais devem adotar políticas que considerem essas limitações e promover treinamento para democratizar habilidades de prompt engineering.
Estudos de caso e exemplos práticos
Apresentamos dois exemplos ilustrativos de como a formulação altera a saída:
Exemplo A — Prompt curto e imperativo:
“Diga os riscos de investir em criptomoedas.”
Exemplo B — Prompt cortês e detalhado:
“Por favor, em até 5 pontos, explique os principais riscos de investir em criptomoedas, considerando volatilidade, regulação e segurança. Indique também fontes e cite recomendações básicas de mitigação para investidores iniciantes.”
Resultado prático: o Prompt B tende a gerar uma resposta mais estruturada, com seções e sugestões de mitigação que atendem melhor a um público profissional. A diferença se deve menos à palavra “por favor” isoladamente e mais ao acréscimo de contexto e critérios. Contudo, a presença de um tom cortês frequentemente acompanha tais elementos contextuais na prática, o que explica relatos observacionais como os documentados pelo TalkAndroid (TALK ANDROID, 2025).
Recomendações para organizações que adotam ChatGPT
Para incorporar essas aprendizagens em processos organizacionais, sugerimos:
– Desenvolvimento de padrões de prompt: criar templates com campos obrigatórios (contexto, objetivo, formato, público) para uso em atividades críticas.
– Treinamento de equipes: capacitar colaboradores em técnicas de prompt engineering, enfatizando clareza, estrutura e verificação de fatos.
– Auditoria e controle de qualidade: implementar revisão humana das saídas e métricas para avaliar precisão, viés e aplicabilidade.
– Inclusão de práticas de equidade: oferecer suporte a usuários menos experientes, disponibilizando guias e assistentes para formular prompts eficazes.
Tais medidas aumentam a robustez do uso de ChatGPT em ambientes profissionais.
Limitações da evidência atual e áreas para pesquisa futura
Embora relatos e estudos experimentais apontem para influência do prompt, vários limites precisam ser observados:
– Variabilidade entre modelos: diferentes versões e arquiteturas podem reagir de maneira distinta ao mesmo estímulo linguístico.
– Diferença entre efeito de polidez e efeito de detalhe: distinguir claramente o papel específico da gentileza exige experimentos controlados que isolem variáveis.
– Contexto cultural e linguístico: o impacto do tom cortês pode variar entre línguas e culturas comunicativas; evidências em inglês nem sempre são diretamente transferíveis para o português-br.
– Medição objetiva: é necessário padronizar métricas de “qualidade” e “utilidade” para permitir comparações replicáveis.
Investir em pesquisas que respondam a essas lacunas é essencial para recomendações mais sólidas.
Conclusão
A observação, relatada pelo TalkAndroid, de que “If you’ve ever noticed ChatGPT giving sharper answers after you’ve asked a question politely, you’re not imagining it” (TALK ANDROID, 2025) sintetiza um fenômeno prático relevante para profissionais que utilizam modelos de linguagem. Embora a palavra “gentileza” por si só não seja uma mágica técnica, ela frequentemente acompanha prompts melhor estruturados, mais contextuais e mais explícitos em suas instruções — fatores que comprovadamente elevam a qualidade das respostas. Para organizações e especialistas, a recomendação pragmática é integrar práticas de prompt engineering que valorizem clareza, contexto e critérios explícitos, ao mesmo tempo em que se mantém rigor de verificação e atenção às implicações éticas.
Referências (conforme ABNT)
TALK ANDROID. Be kind to ChatGPT it may just surprise you in return. TalkAndroid, 16 nov. 2025. Disponível em: https://www.talkandroid.com/518298-be-kind-to-chatgpt/. Acesso em: 16 nov. 2025.
Fonte: TalkAndroid. Reportagem de Talk Android. Be kind to ChatGPT it may just surprise you in return. 2025-11-16T16:30:00Z. Disponível em: https://www.talkandroid.com/518298-be-kind-to-chatgpt/. Acesso em: 2025-11-16T16:30:00Z.
Fonte: TalkAndroid. Reportagem de Talk Android. Be kind to ChatGPT it may just surprise you in return. 2025-11-16T16:30:00Z. Disponível em: https://www.talkandroid.com/518298-be-kind-to-chatgpt/. Acesso em: 2025-11-16T16:30:00Z.







