Viver o luto e aprender a lidar com a perda de entes queridos é um desafio que todos nós enfrentamos em algum momento de nossas vidas. Em uma era cada vez mais digital, a tecnologia tem se tornado uma aliada inesperada neste período doloroso. Este é o caso de Seakoo Wu, um pai em luto na China que encontrou na Inteligência Artificial (IA) uma maneira de manter viva a memória de seu filho.
Wu, assim como muitos chineses, se dirigiu em um tranquilo dia ao cemitério para prestar suas homenagens ao seu filho que já partiu. No entanto, ele não trouxe flores ou lembranças físicas, mas algo inédito: um smartphone e uma gravação de voz feita por IA.
A gravação trazia palavras que o jovem estudante nunca pronunciou quando estava vivo, mas que foram criadas através da Inteligência Artificial. “Eu sei que você…” começa a gravação, proporcionando a Wu e a muitos outros a oportunidade de se sentir mais próximos daqueles que perderam.
A prática é relativamente nova, mas vem ganhando força na China, onde a tecnologia e a tradição muitas vezes se misturam de maneiras surpreendentes. Com a utilização de algoritmos avançados e da análise de gravações de voz anteriores, é possível criar mensagens novas e personalizadas, dando a sensação de que o ente querido ainda está, de alguma forma, presente.
Embora haja críticas e debates éticos sobre a prática, para muitos que enfrentam o luto, a ressurreição digital dos entes queridos vem como uma espécie de consolo, tornando a perda um pouco mais suportável.
No entanto, é necessário questionar até que ponto essa prática é saudável e até que ponto ela impede que as pessoas vivam o luto de maneira adequada. Será que essa forma de interação digital com os mortos é uma maneira útil de manter viva sua memória ou é apenas um mecanismo de negação que impede as pessoas de aceitar a realidade da perda?
Estes são questionamentos que surgem à medida que a tecnologia continua a avançar e a permear todos os aspectos de nossas vidas. Apesar das controvérsias, o fenômeno da ressurreição digital é um testemunho de como a inovação pode transformar até as experiências mais humanas.
Fonte: The Punch, Agency Report. Disponível em: https://punchng.com/chinese-mourners-use-ai-to-digitally-resurrect-dead/
